quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Discurso

Em minha primeira e única manifestação pública, em palanque eleitoral, com vistas às eleições 2012 (cada candidato só pôde falar em um dos cinco comícios de final de campanha), e considerando ter ficado restrito ao tempo de três minutos, publico aqui, em duas partes, aquilo que disse e o que pretendia dizer aos moradores de Itacuruçá nessa noite de quarta-feira. A primeira parte é a que segue abaixo. A segunda será publicada amanhã.
 
Parte I
Em primeiro lugar, quero agradecer à nossa candidata Andréia pela honra e privilégio que me proporcionou em caminhar a seu lado desde setembro do ano passado, quando começamos a reestruturar o PDT e, especialmente, nos últimos noventa dias, visitando cada rua, cada recanto, cada residência. Agradecer, também aos companheiros de partido e à nossa incansável militância do diretório de Itacuruçá e dos diretórios dos outros distritos.
 
Eu sou o professor Lauro. Tenho 64 anos. Sou psicólogo e professor universitário. Servidor público aposentado. Minha mãe foi a primeira professora da escola da fazenda Rubião, lá na serra do piloto, quando eu tinha 1 ano de idade. Depois, ela veio dar aulas aqui em Itacuruçá durante mais três anos. Isso aconteceu nos anos 50 do século passado. Desde aquele tempo frequento Itacuruçá. Minha família tem casa na Brasilinha desde 1960. Na juventude prometi que, quando me aposentasse, viria morar aqui. Como eu dizia na época, o meu paraíso na terra.
 
Fui ao mundo. Participei das lutas contra a ditadura militar. O que, para muitos de vocês, é história, para mim foi realidade. Estive na passeata dos cem mil, há mais de quarenta anos. Casei. Vivi 26 anos em Brasília, como servidor público concursado e só vinha a Itacuruçá nos períodos de férias. Participei da Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e da criação da Fundação Palmares, que defende o resgate da cultura da população negra. Sou militante do movimento negro desde os anos setenta. Aposentado, decidi cumprir a promessa de juventude, voltando a morar aqui em Itacuruçá, onde estou em definitivo desde 2001.
 
Pretendia viver uma aposentadoria de descanso, gastando o tempo pescando, escrevendo, cuidando de plantas, curtindo os netos, contando a eles o que vi da vida, ou só batendo papo com velhos amigos relembrando histórias, fui atropelado pelos fatos. Nesses últimos anos, o que eu vi foi um município se deteriorando. Os riachos viraram valões… as praias ficaram impróprias, tem língua negra de esgoto bem no meio da areia… os peixes sumiram… o mar fede. O terceiro mais procurado destino turístico do Rio de Janeiro de vinte anos atrás virou o vigésimo sétimo… a tranquilidade de dormir de janelas abertas acabou.
 
Não dava pra aceitar essa situação. Meus planos de ficar de “pernas para o ar” voltaram para a gaveta. Assim, sou candidato a um cargo eletivo pela primeira vez. (continua amanhã)
 

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