terça-feira, 29 de maio de 2012

Análise política (Até parece Mangaratiba)

Apesar dos avanços das comunicações, as eleições municipais de 2012, em muitos municípios, ainda se apoiarão na cultura dos grotões: arranjar ou prometer emprego, emprestar dinheiro, influenciar jurados, providenciar médico ou hospitalização, dar pousada e refeição, batizar filho e apadrinhar casamento, compor desavenças, proteger indicados na administração, enfim, uma infinidade de préstimos pessoais. Nos pequenos municípios, os candidatos se apresentam como se fossem despachantes de demandas pessoais, sem compromisso com a cartilha partidária, ideológica ou de projetos de desenvolvimento. Nas cidades de até 50 mil habitantes (caso de Mangaratiba) as demandas nas frentes de serviços básicos são mais acentuadas: saúde, educação, transporte, habitação etc. A partir do próximo mês, veremos candidatos vestindo o figurino de obreiros sob o slogan “fulano fez, fulano faz.” Outros, abrirão o cobertor do assistencialismo. Populistas, se esforçarão para acenar com gestos extravagantes e exibir as tradicionais mungangas: comer pastel na feira, tomar café na padaria, embalar crianças nos braços, visitar doentes, desfilar com o santo nos ombros na procissão religiosa ou com a Bíblia debaixo do braço. Mas, há sinais de mudança. Nas comunidades médias, emergirão bons gestores saídos de profissões liberais, principalmente médicos, advogados, agrônomos, e também das áreas dos negócios, como comerciantes, empresários e proprietários rurais. O foco discursivo abrigará demandas locais e imediatas e as ênfases obedecerão às especificidades de cada localidade. A campanha municipal no país ensaia os primeiros passos, com pré-candidatos atirando verbos uns contra outros. Será certamente um exercício de fuga da realidade. Se, em 8 de outubro próximo, o resultado das urnas indicar que o “velho jeito de fazer política” venceu, nada mudará pelos próximos quatro anos. (Adaptado da análise do panorama político nacional do professor titular da USP e consultor político e de comunicação Gaudêncio Torquato).

Matéria: Professor lauro

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