Artigo do senador Cristóvam Buarque, publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat.
“O destino de cada pessoa depende, em grande parte, das escolhas que ela faz ao longo de sua vida; além de fatores sobre os quais não tem controle. No caso das nações, salvo acidentes naturais, o destino depende inteiramente das decisões tomadas de maneira coletiva pela sociedade. A realidade brasileira é o resultado de nossas decisões no passado. E, pelo que vemos da nossa realidade, muitas escolhas foram erradas. Erramos quando, em nome do novo Brasil que surgia, Portugal escolheu o caminho do latifúndio, do açúcar e da escravidão, ao invés de uma economia voltada para o mercado interno, produção em pequenas propriedades, como no norte dos Estados Unidos da América. Fizemos também a escolha errada ao abandonarmos a educação, proibirmos gráficas e jornais, quase que impondo o analfabetismo pleno ou funcional a todo o novo país. Foram escolhas erradas, mesmo que não por culpa do novo país ainda sem vontade própria. Quando ficamos independentes, fizemos escolhas erradas ao manter a escravidão por longos 70 anos, com a mesma economia agrária exportadora, latifundiária, com o mesmo abandono da educação. Escolhemos erradamente não distribuir terra aos escravos libertos, não garantir-lhes nenhum direito, nem educar os seus filhos. Modernamente, fizemos a escolha errada ao abandonar os sistemas de transporte ferroviário e fluvial pela opção da indústria automobilística como o motor do progresso. Esta escolha marcou o Brasil, induzindo ao endividamento, a concentração da renda para viabilizar a demanda dos novos bens industriais de alto valor. Fizemos a escolha errada de basear nossa indústria em tecnologias importadas intensivas, por meio de capital que não tínhamos, e dispensando a mão de obra que tínhamos sobrando.”
Matéria: Professor lauro
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